domingo, 14 de junho de 2009

Travestis e transexuais poderão usar nome social na caderneta escolar e na lista de chamada na rede pública estadual


Travestis e transexuais poderão trocar de nome na caderneta escolar e na lista de chamada na rede pública estadual
POR AMANDA PINHEIRO, RIO DE JANEIRO

Rio - Quando voltar às aulas, em agosto, Flávio Ferreira Rodrigues, 24 anos, vai, finalmente, se apresentar como Kakau Ferreira Rodrigues — e assim ser chamada por colegas e professores. Ela é uma das dezenas de jovens travestis e transexuais que vão ganhar o direito de ver na caderneta escolar e na lista de chamada o nome com o qual querem ser reconhecidos. Além disso, poderão se vestir de acordo sua identidade de gênero. A medida vale para toda a rede estadual de Educação e em breve valerá também para ações da Secretaria Estadual de Saúde.

Os interessados em ter nas cadernetas e na ficha de chamada o nome substituído devem procurar a secretaria da unidade onde estudam.


E agora, educadores? Durante muitas oficinas realizadas em escolas públicas a gente se debatia nessa questão. Uma aluna travesti ou transexual pode ou não pode usar uniforme feminino? Vão lhe chamar pelo seu nome social (feminino) ou pelo nome de registro civil?
Acho que demos um grande passo, um passo fundamental em direção a uma escola que efetivamente respeite a diversidade de seus alunos e alunas. Outros estados e cidades já reconheceram esse direito. Agora é a vez do Rio.
Durante uma das oficinas realizadas em escolas públicas pelo projeto, os professores começaram um intenso debate sobre flexibilização ou não de normas e regras para uma aluna travesti. Depois de muitas idas e vindas, argumentos e contra-argumentos, uma professora, já exausta, lançou “ah! Mas ele é homem! E pronto!”.
E aí nós chegamos ao que de fato importa nessa questão. Mudar o nome na chamada, permitir o uso do uniforme feminino, compartilhar o banheiro das meninas, tudo isso, no fundo, depende apenas de uma coisa: se o educador reconhece ou se rejeita a identidade feminina da travesti. Se ele reconhece, tudo é resolvível. Se, pelo contrário, ele rejeita, tudo é empecilho. Muitas vezes os professores vão justificar no preconceito dos alunos ou dos responsáveis a impossibilidade de acolher uma aluna travesti. Em muitos casos, o preconceito dos outros serve aí para acobertar a sua própria dificuldade de lidar com a questão.
Reconhecer a identidade do outro é passo fundamental para podermos iniciar qualquer relação equilibrada e solidária. Tentar impor os nossos conceitos de gênero a um aluno é desrespeitoso e invasivo. Além de extremamente injusto, dada a desproporção de poder numa relação professor-aluno.
Muitos educadores olham as alunas travestis ou transexuais como potencialmente perigosas. E de fato elas são. São perigosas a partir do momento em que, pelo seu jeito de ser e de vestir, elas subvertem os padrões de comportamento de gênero socialmente estabelecidos. Mostram que esses padrões podem ser transformados e bastante questionados. São perigosas porque mostram que aquilo que parecia claro e óbvio, talvez não seja. São perigosas porque podem fazer pensar.

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Um comentário:

  1. Tenho um perfil no twitter que divulga post de blogs que abordem o tema LGBT.
    Divulguei o seu lá.
    Se tiver indicações de post e blogs interessantes, pode me mandar e-mail.
    Obrigado.

    E-mail: lgbt_blogs@gmail.com

    twitter.com/LGBT_Blogs

    Abraços.

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